30 julho 2010

Declaro-te aqui.


Tu és sempre assim.
Nós nunca estamos juntos eternamente; tu vivendo no eterno, só de quando em vez me vens visitar.
Tu nunca ficas. Só vens.
E quando vens, vens galante, com passos contados e com as equações dos teus movimentos já todas resolvidas.
E dás-me aqueles abraços tão apertados que eu me queixo de nunca serem apertados o suficiente.
Rio-me. Na verdade, já sufoquei no teu abraço. Mas a culpa não é minha: eu não achei o sufoco suficiente.
E tu finges não saber quando eu inalo o teu cheiro discretamente, numa tentativa de não perceberes. Mas tu sabes. Porque fazes o mesmo comigo.
Fecho os olhos, faço o que me pedes. Faço-o sempre, mas não gosto. Porque sei que quando voltar a ver a luz, tu já te foste embora.
E eu fico outra vez na ressaca de um vício sem reabilitação à espera de nós.

Tu nunca estás comigo, mas eu sei que tu vens sempre.

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