11 outubro 2010

Até amanhã


Hoje sentei-me mais uma vez. Mesma cadeira. Mesmo pedido.
Um cházinho de laranja: mata saudades dos trópicos.
A sala é quentinha, de brancos e castanho madeira.. e o vapor a sair das canecas quentes fa-la parecer mais acolhedora.
E chega um homenzinho, à mesma hora de sempre. Pequenino, discreto, com os seus óculos muito avant garde, um Boss cintado que eu invejo, e senta-se de frente à claridade da janela. Mesma cadeira. Mesmo pedido.
Voilá um galão-vapor à sua frente. Tem um ar doce
o livro que ele sempre saca da sua pasta, um calhamaço de páginas como estrelas tem o céu e é um romance que ele lê, todas as manhãs.
Dá para ver pela expressão que faz quando se afunda na sinestesia de vogais.
Todos os dias me preocupo com ele ao chegar, tão elegante mas tão sozinho.
Até ele sorrir entre a sua leitura e me garantir que é essa companhia que ele pede todas as manhãs antes de tomar o pequeno almoço ali, com ou sem a minha companhia indirecta.
Não sei se ele me vê ou se nota em mim todas as manhãs ao entrar.
Nem sem se o considero um homem realizado pela indumentária, ou pelos sonhos que lhe engrandecem a alma; que ele próprio escolhe ter.

1 comentário:

  1. Será esse homem verdadeiro?
    Sendo ou não adorei o teu texto.
    Continua assim

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