18 novembro 2010

Cartas ao coração


E se eu criar novos conceitos na minha vida cujo ninguém mais se identifica? Se eu perder o gosto pela sociedade, pelo sorriso das pessoas desabrochado nas faces, pelas corridas da competição? Ainda ias gostar de mim?
Continuarias comigo? Se quisesse isolar-me dos indivíduos, estranhos invasores, ignorantes, insolentes. Se me fechasse em casa, a fumar os meus charutos enquanto me encobria de filosofias e teorias abstractas, acariciado por verdades cujo o mundo não compreendesse? Chamariam-me de maluco, essência.
Iria ser avarento, com os meus livros e a minha escrita amadora, mais a lareira acesa para aquecer-me as mãos. E músicas clássicas a tocar, imaginando os Grandes a compô-las. Ter uma horta, um pequeno gado, só para a sobrevivência simples. E meditação. Continuavas comigo?
Se eu ficasse maluco? Abstraído de um mundo matuto de indulgentes que pensam saber a razão das coisas?
Ó, essência, a solidão seria a minha melhor amiga. Ainda o é, coitada - atura-me sempre, quando estou comigo: conheçe-me todo o corpo, conhece-me os segredos e não me censura por falar sozinho. Minha companheira desde sempre.
Se eu quiser ser só eu, essência? Que o meu mundo seja apenas da Natureza e de mim, Deus de mim próprio, e jogar tudo o que é supérfulo nas mãos do Diabo?
Ficas comigo?

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