15 janeiro 2011

Boa noite


O sono anestesia-me enquanto acendo o candeeiro para escrever-te. A lâmpada desanima-se em desmaios e recompõe-se rapidamente e o carvão do lápis é já pequeno e gasto dos retratos que te fiz.
Enrolo-me numa gruta de cobertores de veludo e flanela, peço perdão pela ganância e choro baixinho. Sinto-me ridículo por mostrar a parte fraca e tu, a meu lado, sorris como se estivesses à espera deste choro íntimo desde sempre. Aninho-me mais a ti, enrolo-me em concha, minhas mãos cheiro-a-chá-verde cobrem-me a face e choro. Choro mais, mais, mais e mais mas baixinho.
Porque as lágrimas são um peso que não pedimos e que sustentam injúrias ínfames.
É sempre óptimo saber que estás cá.

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