04 janeiro 2012

Salt



Vou ser poucas palavras e muitos feitos,  dançar com o instinto e construir os filmes sonhados durante a vida toda. Saber ajustar ângulos da minha cara e mostrar olhares que foram treinados durante vidas. Vou conseguir descobrir uma cabana bem baratinha perto da praia, que cheire a velho como nos filmes, e que faça as ondas do mar serem a nossa música de fundo. 
Vamos dormir na areia de dia e fazer amor à noite, de frente à fogueira vigilante. Vamos ser bandidos e pedintes, drogados ou poetas amargurados, nos ouvidos da vizinhança distante. Porque os seus olhos já não vêem cristais a brilhar quando está Sol nem ouvem o canto do ar quando um carro passa. Por isso vamos dançar à volta da fogueira e fazer o culto à deusa que nos dá os peixes a comer. Vamos observar as tartarugas a dar à luz, concretizando assim o seu ciclo de vida. E vamos fazer vigília aos ovos. 
As nossas caras ganharão relevos e contrastes de cores quentes, decoradas pelas chamas. Tornar-se-á a pele mais dura e espessa, a língua mais fresca e a mente terá ancas mais soltas. Vamos aprender a fazer fogo com a madeira, vamos aprender a fazer vida com o mundo.

5 comentários:

  1. mais do que da maneira como escreves, gostei do que escreves. gosto sobretudo da forma como abordas as coisas.

    e, tal como do que li aqui, gostei muito do teu comentário (: wise.

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  2. É claro que fico indignada por só ver os teus comentários agora, mas é que é claro! E, como sempre, os teus textos sabem-me a barriga-cheia. :) Adoro.

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  3. A vida deve mesmo ser queimada! Nada de a tentar preservar; condenamo-la à putrefacção.
    Nada sabe ou cheira melhor do que um fio de vida queimada...

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