19 abril 2013

Amor Vincit Omnia


Estamos de luto. Vestimos as vestes pretas e fitamos as gotas em quantidades infinitas que atingem a erva molhada. O tempo é cinzento, e seria cinzento mesmo que hoje no mundo não houvesse cor. Sorrimos um nada imaginário onde as palavras, ao longo do texto, ao longo do último discurso, deixam perder o sentido e perdem-se no rumo e na vinda. Procuramos por alguém para possuir, a fim de encontrarmos vida.
É impossível fitar o morto. É impossível olhar para dentro. Perdemos a certeza de termos estômago, ganhamo-la quando a sentimos ser comida pela bílis. Quando conseguimos sentir. Hoje começa a festa da velha guarda. Onde os jardins serão regados a bons olhos, literalmente. Onde nos afogaremos dentro das nossas camas, tão vazias e tão imensas. O dilúvio irá destruir os sonhos que, nos últimos dias, nos temos lembrado de sonhar depois de acordar.
Hoje o ciclo comprova a sua veracidade. Perdemos de vista o futuro, não existem mais maquetes para projetar em cima das secretárias nem mapas nas paredes, furados por pioneses, por trilhar. Levantem as bandeiras. O tempo do dia de hoje não será regido pelas horas nem pelos sóis, nem pelas marés guiadas pela Lua. Hoje o negro instala-se.

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